Veneno de cobra brasileira tem molécula que bloqueia Sars-CoV-2
Uma molécula extraída do veneno da cobra brasileira Jararacuçu (Bothrops jararacussu) bloqueou em até 75% a capacidade do Sars-CoV-2 se multiplicar em células de macaco. O experimento foi realizado por uma equipe de cientistas do Instituto de Química (IQ) da Unesp, em Araraquara, no interior paulista. Os resultados foram publicados em 12 de agosto na revista científica Molecules.
Trata-se da molécula peptídeo, isto é, aminoácidos que constituem um fragmento de proteína. Os cientistas resolveram investigar sua ação em partículas virais quando perceberam que o composto tinha atividade antibacteriana.
Após realizarem algumas modificações na estrutura da molécula, sua eficiência contra o Sars-CoV-2 foi testada no Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP). Primeiro, células de macaco cultivadas em laboratório receberam o peptídeo e, uma hora depois, o vírus isolado foi adicionado à cultura.
Os pesquisadores realizaram cálculos que os permitiram perceber que a reprodução do coronavírus havia parado. Em testes, a molécula se mostrou eficiente contra a enzima PLPro, uma das responsáveis por realizar o processo de multiplicação do vírus causador da Covid-19.
Como essa enzima está em todas as variantes do Sars-CoV-2, é provável que a molécula do veneno de cobra seja eficaz contra as diversas cepas. Com essa vantagem, a expectativa dos pesquisadores é utilizar o peptídeo para criar um medicamento contra o coronavírus, mas que não gere reações adversas.