Mortes por covid-19 de pessoas vacinadas são raras, diz especialista
A morte do ator Tarcísio Meira, na última quinta-feira (12), reacendeu o debate sobre a eficácia da vacinação para controlar a pandemia. Segundo especialistas, mortes por Covid-19 de pessoas vacinadas são raras.
Aos 85 anos, Tarcísio Meira estava completamente imunizado desde abril, quando tomou a segunda dose da CoronaVac. O episódio gerou nova onda de desinformação nas redes sociais, com falsas narrativas de que “não adianta tomar vacina”.
“A efetividade das vacinas é indiscutível. Basta ver que nos países com vacinação avançada, como Israel e Inglaterra. Mesmo com aumento de casos por causa da variante Delta, o número de internações e mortes são proporcionalmente muito menores, resultado direto da imunização”, diz a médica Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
Dados
Um estudo recente, da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp), concluiu que 91,49% das mortes por Covid-19, entre maio e julho deste ano, foram de pessoas que não tinham tomado vacina ou não estavam totalmente vacinadas, com as duas doses ou dose única.
A mesma pesquisa demonstrou que 84,9% das pessoas imunizadas que morreram no país tinham algum fator de risco para a covid-19. 87,6% tinham 70 anos ou mais. A incidência de agravamento de quadros em pessoas idosas, mesmo que vacinadas, tem uma explicação biológica.
Motivos
A imunossenescência é o processo de envelhecimento e desregulação da função imunológica no organismos de idosos. Isso contribui para o aumento da suscetibilidade a infecções por vírus e bactérias, além do desenvolvimento de doenças como o câncer e a redução da resposta vacinal imunológica.
Lorena de Castro Diniz, coordenadora do Departamento Científico de Imunização da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), lembra o caso do vírus do sarampo.
A doença, que foi considerada erradicada no Brasil em 2016, com direito a certificação pela Organização Mundial da Saúde (OMS). No entanto, voltou a atingir a população em 2019, revertendo esse status. O motivo foi a vacinação abaixo do esperado.
Estratégias
Mesmo com maior suscetibilidade à eficácia das vacinas, a imunização de idosos é crucial para protegê-los. Lorena Diniz faz uma analogia com a guerra para explicar como as vacinas colaboram nessa estratégia.
“Se a gente estiver numa guerra, com homens treinados, a chance de a gente ganhar é muito maior do que chamar pessoas da reserva que não foram treinadas para vencer o combate”, explica.